PALESTRA DE JOANA VIDEIRA, ADÍLIA LOPES E A CARTOGRAFIA DO ESCÂNDALO: TRANSGRESSÕES DA GEOGRAFIA AMOROSA NA REESCRITURA DAS CARTAS PORTUGUESAS

 


O Camões – Centro Cultural Português em Vigo recebe, no próximo dia 9 de outubro, às 19h00, a palestra de Joana Videira, intitulada Adília Lopes e a cartografia do escândalo: transgressões da geografia amorosa na reescritura das Cartas Portuguesas.

A sessão insere-se no âmbito do 3.º Colóquio de Estudos Literários, organizado pelo Programa de Doutoramento em Estudos Literários, pelo BiFeGa e pela CJS, e será moderada por Burghard Baltrusch.

Partindo do texto das Cartas Portuguesas e da figura de Mariana Alcoforado, a quem são tradicionalmente atribuídas, Joana Videira analisa duas obras de Adília LopesO Marquês de Chamilly (1987) e O Regresso de Chamilly (2000) — onde a poeta recria o território afetivo-amoroso de Alcoforado, transformando-o num lugar poético de reapropriação, transgressão e manifestação da potência da experiência amorosa.

Através do dispositivo literário da carta, que oscila entre a construção do sujeito, a mediação comunicativa e a dúvida sobre a alteridade, e explorando as tensões entre recato e escândalo, desejo e contenção, Adília Lopes desterritorializa os limites da práxis amorosa tradicional. A sua escrita cria um espaço imprevisível e excessivo para o amor — um amor que resiste à racionalidade e ao cálculo, assumindo-se como energia revolucionária e escandalosa.

Na proposta poética de Adília, a carta torna-se um mapeamento do desejo — obsessivo, obstinado, transgressor. O corpo de Mariana, enquanto território simbólico, é representado como lugar de exposição e potência, onde o recato é simultaneamente performado e implodido, revelando a verdadeira força subversiva do amor.
 
 
Nota biobibliográfica:
Joana Videira é doutora em Estudos Linguísticos, Literários e Culturais pela Universidade de Barcelona, onde desenvolveu uma tese premiada com o Prémio Extraordinário de Doutoramento, centrada na representação da violência como potência transformadora, especialmente nos corpos de figuras femininas na literatura contemporânea.

Atualmente, realiza um pós-doutoramento na Universidade Nova de Lisboa, no qual investiga as geografias afetivas e a dimensão política, transgressora e transformadora do amor na literatura contemporânea.


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